domingo, 17 de dezembro de 2006

Podia ser pior

Podia ser pior!!! Podia não ter onde me agarrar, podia não ter aquela luz de esperança, ou pelo menos a ilusão da existência da mesma. Podia estar a dar voltas à cabeça sem resultado nenhum. Podia nem sequer me dar ao trabalho de me importar, mas isso só seria possível se não estivesse envolvido tal como pessoas de quem gosto. Podia acabar por deixar andar e nada beneficiar com isso. Podia tentar o futuro alterar, na esperança de que tudo corresse como quero. Podia-me apoiar noutras pessoas suplicando por ajuda, refugiando-me na cobardia de não enfrentar o caso cara-a-cara.

Mas não! Tal como o forcado que pega o touro pelos cornos (extremidade letal) eu pego também nas situações nos pontos mais graves. Enfrentei-as de frente!!!! E agora?! Agora resta-me contar à pessoa por que eu fiz isto o que realmente aconteceu. A história só reza dos destemidos, basta-me ser mais um, ou não? Será que é estar a dar demasiada importância a algo que não a merece? Será que é estar a depositar esperança em algo muito frágil? Será que é estar a contribuir para o seguimento do meu pesar? Também não há nada que me garanta o contrário! Não há nada que me diga “avança sem medo, sem receios pois vale a pena”! Pois não!!!!! Mas também não há sensação pior do que apercebermo-nos que tivemos uma oportunidade que não aproveitámos simplesmente porque não tivemos unhas para a agarrar. E passar depois algum tempo pesando essa falta de coragem não é propriamente o meu ideal de existência.

Quem me dera poder controlar os meus sentimentos, os meus instintos!!!! Quem me dera tornar a minha vida, e a de todos de quem gosto e que gostam de mim, bem mais fácil. Era muito mais fácil se não nos tivéssemos de preocupar com estas coisas.

Finalmente percebi o quão idiota é a concepção de Platão acerca do amor. O Platonismo não tem ponta por onde se pegue. Só demonstra falta de carácter por parte do autor. Como seria possível que ao defender a abolição da família, se pudesse realmente saber o que é amar??? Para mim família, como para tantos outros, não é linhagem, não são os laços históricos e sanguíneos, mas sim os laços afectivos. Para mim família são aqueles a quem eu realmente desejo bem e que me o retribuem com um beijo, abraço, sorriso, olhar.

Continuo a convencer-me que cada vez mais o papel se torna na minha melhor terapia. Aqui posso contar tudo o que me atormenta divagando sem perder a atenção do destinatário. Em conversa esquece-se sempre qualquer coisa. A conversa pode também ser ouvida por alguém. Mas quanto à escrita é diferente. Salvo ocaso de lerem por descuido meu ou astúcia vossa, as minhas palavras só são lidas por aqueles que eu realmente considero dignos de tal! Não é que as minhas palavras sejam obras de arte, nem sequer um legado para quem o quiser entender como tal. É apenas um veículo que, a meu ver é o mais nobre. Aqui posso evitar os momentos embaraçosos de silêncio, os olhares inoportunos. Por outro lado também não tenho direito ao beijo apaixonado, ao abraço amigo, ao sorriso lisonjeado, nem sequer aos outros tipos de olhares. Os olhares de admiração, os de intimidade, os de amizade, os de compreensão, os de pena, os de amor. Muitos consideram que escrever é falar para dentro, é interiorizar o que devia ser exteriorizado, é prender o que devia ser solto, é abafar o que devia ser dito num grito estridente. Mas não, essas são palavras de quem nunca tentou escrever. Pois só quem escreve compreende o que isto lhes proporciona. E quanto ás limitações que alguns enunciam é fácil resolvê-las. Basta entregar o que nós escrevemos a alguém que achemos merecedor(a). Quanto ao facto de poder ser lido por outra pessoa, também o que é dito pode ser contado ou ouvido. Mais uma vez não somos nós que controlamos estas coisas. A única coisa que podemos controlar é o facto de partilharmos os nossos sentimentos ou não. Se o não fizermos resta-nos viver depois na dúvida. As pessoas só se devem arrepender do que não fizeram. Se o que fizemos foi um erro é positivo, porque retirámos uma lição, se pelo contrário foi uma benesse, melhor ainda, quer dizer que já crescemos. Mas é claro que o primeiro caso é sempre o mais frequente. Erramos

por inocência, estupidez, distracção e outras tantas coisas. Que ao menos tenhamos os olhos para ver que não foi um erro, antes uma alternativa consumada. As nossas acções têm sempre consequência. Ponha-se o exemplo de um jogo de xadrez. A movimentação pouco pensada de uma peça pode levar-nos à derrota. Há que, então, ter em conta o máximo de aspectos possíveis, de forma a fazer um balanço, um estado de situação.

Diz-se: “azar ao jogo, sorte ao amor”. Mas o amor nada é mais que um jogo de sorte. Sorte significando o bom entendimento de tudo o que expressamos e a correspondência também do que transmitimos. Temos também os adversários, as pessoas que se encontram entre nós os dois. Mas esses não são os verdadeiros adversários, ou melhor, os mais importantes. O adversário mais importante é o azar. O azar de não ser entendido, o azar de não ser correspondido, o azar de ser desiludido, o azar de ser ignorado. Tal como os antigos entendiam, a sorte é uma entidade que está acima dos deuses. Ora para mim somos todos deuses do nosso universozinho. Agora se este último contempla em si o universo de quem nos ama é pura e simplesmente sorte. Sorte de sermos queridos, sorte de nos acharem piada, sorte de gostarem de estar connosco, sorte de nos darem importância.

Bastante mais fácil seria jogar uma espécie de roleta russa em que a bala representasse o amor. Eventualmente seríamos atingidos pelo amor. Mas o mais provável era passarmos pelas experiência(câmaras vazias do revólver). É por isso que não se deve nunca perder a esperança, porque sorte todos nós temos, pelo menos uma vez na vida, agora disponibilidade para esperar até que a bala nos atinja é que não!!!

1 comentário:

petitemarie disse...

:) revi-me imenso neste texto! também adoro escrever, desabafar no papel e não deixar q qualquer pessoa me leia.
fikei mt contente com o teu comment no fotolog. adoro reecontrar assim pessoas de antes. das quais ainda me lembro quando eram "pukeninas" :D tens hi5? MSN? gostava de falar ctg. http://amorasilvestre.hi5.com... aqui tens o meu hi5 se quiseres espreitar!
Beijo enormeeeeeeeee da Lena

p.s. - este é o meu cantinho/blogspot/"papel" onde desabafo